quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

OSCAR 2009

Por que ganhar o OSCAR parece tão importante?

Quando uma decisão se baseia em algumas opiniões, torna-se muito complexo aceitá-la como verdade absoluta. Por isso, as premiações para o cinema sempre vigoraram nos desafetos de artistas e cineastas, inclusive dos que as ganham. Como julgar obras de tão diferentes objetivos? Como equiparar a profundidade de um drama com a leveza de uma comédia? Ambas são difíceis de se conseguir. Mas enquanto não inventarem um sistema de avaliação mais eficaz, continuaremos contando com a emoção humana. E não confunda emoção com lágrimas, mas sim com qualquer reação que uma mensagem possa provocar, individualmente, coletivamente ou historicamente. E são justamente essas reações que criam as referências tão necessárias para o nosso desenvolvimento. Do macaco que descobriu num osso nossa primeira ferramenta ao idealismo inspirador do primeiro negro eleito presidente dos Estados Unidos, a ambição por dividir com o mundo nossas idéias e descobertas, seja por ganância ou altruísmo foi até então, o sentimento responsável por grandes passos da humanidade (salvo tragédias como o holocausto).

Os oposicionistas a este sistema de reconhecimento têm suas razões fundadas na série de injustiças cometidas pela história, algumas vezes corrigidas e muitas vezes perpetuadas. Mas somos seres sociais, que estaremos até o último dia de nossa existência, aprendendo uns com os outros. E quanto mais pessoas tiverem acesso a essa troca, melhor. Por isso, sou um entusiasta assumido quanto a qualquer ferramenta da comunicação de massa, como o OSCAR. Sim, é um prêmio criado para exaltar o cinema americano e que já colecionou enormes injustiças ao longo de seus 81 anos. Mas enquanto Cannes, Bafta, Berlinale e tantos outros se voltam à elite cultural, o OSCAR foi o primeiro prêmio dividido com o grande público. Foi graças a ele que como eu, muitos começaram sua história de amor com a sétima arte e receberam os primeiros estímulos para estudar e aprender mais sobre o cinema dos cinco continentes.

O OSCAR estabeleceu-se como referência porque reconheceu no público a grande força motriz para o desenvolvimento da arte. Muitos vão discordar de mim ao enxergar a arte como uma expressão livre em que o artista exterioriza aquilo que lhe der na telha. Desculpem-me. Mas, segundo Umberto Eco, sou um integrado e acredito que a criação individual só tem relevância se fizer alguma diferença no ambiente social. Ganhar um OSCAR é mais do que ser reconhecido pelo cinema americano. É ter seu trabalho e sua mensagem divididos com milhões e milhões de pessoas no mundo todo.


AND THE OSCAR DOESN’T GO TO...



Precisei fazer essa longa introdução aos pseudo-intelectuais. Mas aqui, prometo ser breve. Não vimos nenhuma grande surpresa nos premiados da 81ª edição do OSCAR (Annual Academy Awards). Ainda bem, já que a maioria delas seria desagradável. À torcida por Slumdog Millionaire (foto), juntei uma mandinga contra O Curioso Caso de Benjamin Button. É uma bela história de amor, mas não merecia marcar época como Melhor Filme, e muito menos como um dos filmes mais premiados da história, onde se corria o risco por suas treze indicações. Ah, você gostou? Mas eu também, como disse é uma bela história de amor. Só que um dos principais elementos num filme é o desenvolvimento de seus personagens (pergunte a qualquer um). E numa obra que propõe elocubrar sobre a influência do tempo na vida, é grave perceber como chegamos ao final de suas três horas sem conhecer Benjamin Button, que tem suas ações pré-determinadas pelo roteiro e não pelos aprendizados de sua vida. Que bom que venceu “Quem quer ser um milionário?” e nesse caso, o tempo não precisará corrigir nenhuma injustiça.


CARTAS MARCADAS - OS CORINGAS DA NOITE

Junto ao careca para “Quem quer ser um milionário?”, duas cartas marcadas foram os momentos mais emocionantes da noite. Na tentativa de tornar o espetáculo mais atrativo para o público que vinha perdendo há alguns anos, o Oscar lotou-se de estrelas. Para premiar os atores, trouxe cinco ex-vencedores para homenagearem, cada um à sua vez, um dos indicados. No ano em que todos esperavam ver finalmente Kate Winslet subir ao palco e o trabalho conquistador de Heath Ledger ser reconhecido, esse novo formato só deixou tudo mais emocionante. Quando Marion Cotillard anunciou no nome de Kate, brindei com os amigos a uma das melhores atrizes dos últimos anos. Ainda não vi “O Leitor”, filme aclamado pela crítica e ignorado pelo público, mas o meu caso com Kate é pessoal, então vou torcer sempre por tudo que ela faz. Parece irresponsável, mas me baseio nas suas escolhas. Kate nunca erra. Razão e Sensibilidade,Titanic, Íris, A vida de David Gale, Em busca da Terra do Nunca, Brilho eterno de uma mente sem lembranças, Pecados Íntimos e tantos outros excelentes filmes que lhe renderam seis indicações ao Oscar. Faltava esse prêmio, não para provar seu talento, mas para que mais e mais pessoas se interessem em vê-la e entendam o que é a busca pela excelência.


Se o interesse do grande público em ver “O Leitor” pode aumentar depois desse prêmio a Kate Winslet, o prêmio a Heath Ledger foi praticamente uma exigência dos milhões de espectadores de Batman – O Cavaleiro das Trevas. Não houve quem não se apaixonasse pelo trabalho visceral do ator como o Coringa e não houve quem não se emocionasse com o reconhecimento unânime confirmado na premiação. O prêmio foi recebido pelos pais e pela irmã do ator e o discurso foi acompanhado de lágrimas dos presentes que o ouviam em silêncio absoluto. No pouco tempo que teve, Ledger mostrou que diferente de seu personagem Coringa, não veio para brincadeira. Indicado antes por “O Segredo de Brokeback Mountain”, o ator vinha construindo uma carreira sólida e se não teve tempo para desfrutar o sucesso do grande trabalho de sua vida, pode ter a certeza de que este não foi um prêmio de consolação. Talvez para nós, que como consolo, poderemos sempre rever este eterno grande ator em ação.


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VÍDEOS:








Abertura



Número musical com Hugh Jackman, Beyoncè, Zac Efron e Vanessa Hudgens









Kate Winslet vence









Heath Ledger vence
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Todos os vencedores do Oscar 2009


Melhor filme:
- “Quem quer ser um milionário?”
- “Frost/Nixon”
- "O curioso caso de Benjamin Button”
- “Milk - A voz da liberdade”
- “The reader”

Melhor diretor:
- Danny Boyle - “Quem quer ser um milionário?”
- Ron Howard - “Frost/Nixon”
- David Fincher - “O curioso caso de Benjamin Button”
- Gus Van Sant - “Milk - A voz da liberdade”
- Stephen Daldry - "The reader"

Melhor ator:
- Mickey Rourke - “The wrestler”
- Sean Penn “Milk - A voz da liberdade”
- Frank Langella – “Frost/Nixon”
- Brad Pitt - "O curioso caso de Benjamin Button"
- Richard Jenkins - "The visitor

Melhor atriz:
- Meryl Streep – “Doubt"
- Kate Winslet – “The reader”
- Anne Hathaway – “O casamento de Rachel”
- Angelina Jolie – “A troca”
- Melissa Leo - "Frozen river"

Melhor ator coadjuvante:
- Heath Ledger - “Batman – O cavaleiro das trevas”
- Josh Brolin - "Milk - A voz da liberdade"
- Robert Downey Jr. - "Trovão tropical"
- Philip Seymour Hoffman - "Doubt"
- Michael Shannon - "Revolutionary road"

Melhor atriz coadjuvante:
- Amy Adams - "Doubt"
- Penélope Cruz - "Vicky Cristina Barcelona"
- Viola Davis - "Doubt"
- Taraji P. Henson - "O curioso caso de Benjamin Button"
- Marisa Tomei - "The wrestler"

Melhor longa de animação:
- “Wall.E”
- “Kung Fu Panda”
- “Bolt – Supercão”

Melhor filme em língua estrangeira:
-"Revanche", de Gotz Spielmann (Áustria)
- "The class", de Laurent Cantet (França)
- "The Baader Meinhof Complex", de Uli Edel (Alemanha)
- "Waltz with Bashir", de Ari Folman (Israel)
- "Departures", de Yojiro Takita (Japão)

Melhor roteiro original:
- “Frozen river”
- “Na mira do chefe”
- “Wall.E”
- “Milk – A voz da liberdade”
- “Happy-go-lucky”

Melhor roteiro adaptado:
- “O caso curioso de Benjamin Button”
- “Doubt”
- “Frost/Nixon”
- “The reader”
- “Quem quer ser um milionário?”

Melhor direção de arte:
- “A troca”
- “O curioso caso de Benjamin Button”
- “Batman – O cavaleiro das trevas”
- “A duquesa”
- “Revolutionary road”

Melhor fotografia:
- “A troca”
-“O curioso caso de Benjamin Button”
- “The reader”
- “Batman – O cavaleiro das trevas”
- “Quem quer ser um milionário?”

Melhor mixagem de som:
- “O curioso caso de Benjamin Button”
- “Batman – O cavaleiro das trevas”
- “Quem quer ser um milionário?”
- “Wall.E”
- “Procurado”

Melhor edição de som:
- “Batman – O cavaleiro das trevas”
- “Homem de Ferro”
- “Wall.E”
- “Procurado”
- “Quem quer ser um milionário?”

Melhor trilha sonora original:
- Alexandre Desplat - “O curioso caso de Benjamin Button”
- James Newton Howard – “Defiance”
- Danny Elfman – “Milk – A voz da liberdade”
- Thomas Newman – “Wall.E”
- A.R. Rahman – “Quem quer ser um milionário?”

Melhor canção original:
- “Down to Earth”, de Peter Gabriel and Thomas Newman - “Wall.E”
- “Jai Ho” de A.R. Rahman – “Quem quer ser um milionário?”
- “O Saya”, de A.R. Rahman e Maya Arulpragasam – “Quem quer ser um milionário?”

Melhor figurino:
- “Austrália”
- “O curioso caso de Benjamin Button”
- “A duquesa”
- “Milk – A voz da liberdade”
- “Revolutionary road”

Melhor documentário de longa-metragem:
- “The betrayal”
- “Encounters at the end of the world”
- “The garden”
- “Man on wire”
- “Trouble the water”

Melhor documentário de curta-metragem:
- “The conscience of Nhem En”
- “The final inch”
- “Smile Pinki”
- “The witness - From the balcony of room 306”

Melhor edição:
- “O curioso caso de Benjamin Button”
- “Batman – O cavaleiro das trevas”
- “Frost/Nixon”
- “Milk – A voz da liberdade”
- “Quem quer ser um milionário?”

Melhores efeitos especiais:
- “Batman - O cavaleiro das trevas”
- “Homem de Ferro”
- “O curioso caso de Benjamin Button”

Melhor maquiagem:
- “O curioso caso de Benjamin Button”
- “Batman – O cavaleiro das trevas”
- "Hellboy II – O exército dourado”

Melhor animação de curta-metragem:
- “La maison en petits cubes”
- “Lavatory - Lovestory”
- “Oktapodi”
- “Presto”
- “This Way Up”


Melhor curta-metragem:
- “Auf der strecke (On the Line)”
- “Manon on the asphalt”
- “New Boy”
- “The Pig”
- “Spielzeugland (Toyland)”

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