
Cláudio Torres já demonstrava interesse em temas complexos em seu filme de estréia “Redentor” que, apesar de ousado, atirava para todos os lados e não dizia a que veio. Já em “A Mulher Invisível”, o roteirista/diretor se contentou com menos, bem menos, talvez pouco demais.
ESPAÇO
Apostando na fantasia, que está em alta no cinema nacional desde a franquia de sucesso “Se eu fosse você”, Torres conta a história de Pedro (Selton Melo), que em depressão após o pé na bunda que levou da esposa, começa a namorar Amanda (Piovani), que entende de futebol, não reclama de bagunça e aceita traição, ou seja, é perfeita. A ironia é que só ele consegue vê-la. A ideia é poética e não se apóia em explicações místicas como em “Se eu fosse você”. Pode ser encarada como uma representação metafórica da idealização do parceiro ou meramente justificada como um surto mental de um homem deprimido. Mas se situações absurdas são comuns a qualquer mente humana, faltou realidade para que A Mulher Invisível fosse um filme excelente.
ESPAÇO
Torres se entrega a situações artificiais e personagens unidimensais, e o próprio Selton Melo, por várias vezes brilhante no recente cinema nacional, abusa de sua certeza de que sabe fazer rir, mas como ator, não como personagem. Não conseguimos conhecer Pedro, que reage às situações como um excelente comediante, mas nunca como um ser humano realmente complexo. Pra piorar, Torres gasta tempo demais tentando nos fazer rir e pouco para elaborar a relação de amor que fecha a narrativa, soando extremamente superficial. Num filme que se propõe a elucubrar sobre a descoberta do amor próprio, é grave que apenas uma noite de sexo baste para que Pedro encontre o amor da sua vida. Ainda assim, vá conferir. Fernanda Torres, a melhor atriz de comédia do país se faz visível até como figurante.
INDICATO PARA quem você gosta do Selton Melo.
CONTRA-INDICADO PARA quem não gosta de forçadas de barra.
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